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Síndrome do Túnel Ulnar

Punho e Mão

O que é?

 

A síndrome do túnel ulnar é uma neuropatia compressiva do nervo ulnar ao nível do punho (canal de Guyon), sendo mais frequentemente causada por um quisto sinovial.

O diagnóstico é clínico e baseia-se na presença de parestesias nos dedos anelar e mínimo, fraqueza dos músculos intrínsecos da mão e sinal de Tinel positivo sobre o canal de Guyon.

O tratamento inclui uma abordagem conservadora com imobilização, sendo indicada a descompressão cirúrgica nos casos de lesão compressiva identificável (como um quisto sinovial) ou persistência dos sintomas.

Epidemiologia

Incidência
  • Menos comum do que a síndrome do túnel cubital
Fatores de risco
  • Ciclistas (também conhecida como paralisia do guiador)

Etiologia

Patomecânica

As causas de compressão incluem:

  • Quisto sinovial (80% das causas não traumáticas)
  • Lipoma
  • Trauma repetitivo
  • Trombose ou aneurisma da artéria ulnar
  • Fratura ou não união do hâmulo do hamato
  • Luxação do pisiforme
  • Artrite inflamatória
  • Banda fibrosa, anomalias musculares ou ósseas
  • Bandas congénitas
  • Hipertrofia do palmar curto
  • Idiopática

Anatomia

DRUJ

Entalhe sigmoide:

  • Localizado ao longo da borda ulnar do rádio distal.
  • Apresenta uma concavidade rasa para articular com a cabeça ulnar.

Ligamentos radioulnar volar e dorsal:

  • Funcionam como estabilizadores primários da DRUJ.
  • São mais estáveis em supinação.
Limites do canal de Guyon
Estrutura Limite
Assoalho Ligamento transverso do carpo, músculos hipotenares
Teto Ligamento volar do carpo
Borda ulnar Pisiforme, ligamento pisohamato, músculo abdutor do dedo mínimo
Borda radial Hâmulo do hamato
Zonas do canal de Guyon
Zona Localização Causas de Compressão Sintomas
Zona 1 Proximal à bifurcação do nervo Quistos sinoviais, fraturas do hâmulo do hamato Misto (motor e sensitivo)
Zona 2 Envolve o ramo motor profundo Quistos sinoviais, fraturas do hâmulo do hamato Apenas motor
Zona 3 Envolve o ramo sensorial superficial Trombose ou aneurisma da artéria ulnar Apenas sensitivo
Ramo profundo do nervo ulnar
  • Inerva todos os músculos interósseos e os terceiro e quarto lumbricais
  • Inerva os músculos hipotenares, o adutor do polegar e a cabeça medial profunda do flexor curto do polegar

Classificação

A apresentação clínica varia de acordo com a localização da compressão dentro do canal de Guyon e pode ser:

  • Apenas motora
  • Apenas sensorial
  • Mista (motora e sensorial)

Apresentação

A apresentação clínica pode ser:

  • Apenas motora
  • Apenas sensorial
  • Mista (motora e sensorial)

Sintomas

  • Dor e parestesias nos 1½ dedos ulnares
  • Fraqueza nos músculos intrínsecos da mão, flexão digital dos dedos anelar e mínimo ou adução do polegar

Exame Físico

Inspeção e palpação
  • Deformidade em garra dos dedos anelar e mínimo
    • Resulta da perda dos músculos intrínsecos responsáveis pela flexão das articulações metacarpofalângicas (MCP) e extensão das interfalângicas (IP)
Teste de Allen
  • Auxilia no diagnóstico de trombose da artéria ulnar
Exame neurovascular
  • A paralisia do nervo ulnar resulta em:
    • Paralisia dos músculos intrínsecos (adutor do polegar, cabeça profunda do flexor curto do polegar, interósseos e lumbricais 3 e 4)
    • Diminuição da força de preensão devido à perda da flexão da articulação MCP
    • Fraqueza no movimento de pinça devido à perda da adução do polegar (até 70% da força de pinça pode ser perdida)
Sinais clínicos
  • Sinal de Froment

    • Flexão da articulação interfalângica (IP) do polegar ao segurar um pedaço de papel
    • Perda da flexão da MCP e adução do polegar (nervo ulnar)
    • Hiperflexão compensatória da IP pelo flexor longo do polegar (nervo interósseo anterior – AIN)
  • Sinal de Jeanne

    • Hiperextensão compensatória da articulação MCP do polegar e adução do polegar pelo extensor longo do polegar (nervo radial)
    • Compensa a perda da extensão da IP e adução do polegar pelo adutor do polegar (nervo ulnar)
  • Sinal de Wartenberg

    • Postura em abdução do dedo mínimo

Imagiologia

Radiografias
  • Úteis para avaliar fraturas do hâmulo do hamato
Ressonância Magnética (RM)
  • Útil para a deteção de quistos sinoviais
  • A ressonância magnética com sequência gradient-echo também pode identificar aneurismas da artéria ulnar
Tomografia Computorizada (TC)
  • Útil para avaliar fraturas do hâmulo do hamato
Ecografia Doppler ou Arteriografia
  • Úteis para o diagnóstico de trombose e aneurisma da artéria ulnar

Estudos

Estudo de Condução Nervosa (NCS) e Eletromiografia (EMG)
  • Auxiliam no diagnóstico e prognóstico
Critérios diagnósticos
  • Velocidade de condução < 50 m/s no cotovelo
  • Baixa amplitude dos potenciais de ação do nervo sensorial e do músculo composto

Diagnóstico Diferencial

Síndrome do túnel cubital

Comparada à síndrome do túnel ulnar, a síndrome do túnel cubital apresenta:

  • Menos deformidade em garra
  • Défice sensorial no dorso da mão
  • Défice motor nos músculos extrínsecos inervados pelo nervo ulnar
  • Sinal de Tinel positivo no cotovelo
  • Teste de flexão do cotovelo positivo

Diagnóstico

Avaliação clínica e EMG/NCS
  • O diagnóstico é confirmado pela história clínica, exame físico e estudo de condução nervosa (EMG/NCS)
  • A ressonância magnética (RM) pode ser utilizada para confirmar a presença de uma lesão compressiva (ex.: quisto sinovial)

Tratamento

Não cirúrgico

Modificação de atividade, AINEs e imobilização

Indicações

  • Primeira linha de tratamento para sintomas leves

 

Cirúrgico

Descompressão local

Indicações

  • Sintomas graves que não responderam ao tratamento não cirúrgico

Transferência tendinosa

Indicações

  • Correção da deformidade em garra dos dedos
  • Perda da força de pinça
  • Sinal de Wartenberg (abdução do dedo mínimo)

Libertação do túnel do carpo

Indicações

  • Pacientes diagnosticados com síndrome do túnel ulnar e síndrome do túnel do carpo simultaneamente

Técnicas

Descompressão cirúrgica local
  • Libertação da origem do músculo hipotenar
  • Descompressão de quistos sinoviais
  • Resseção do hâmulo do hamato
  • Tratamento vascular para trombose da artéria ulnar
  • Exploração e libertação das três zonas do canal de Guyon
Transferência tendinosa

Correção da deformidade em garra dos dedos

  • Possíveis enxertos incluem ECRL, ECRB e palmar longo
  • Os tendões devem passar volarmente ao ligamento metacarpiano transverso para permitir a flexão da falange proximal
  • Fixação com enxerto de duas ou quatro caudas na polia A2 dos dedos anelar e mínimo

Restauração da força de pinça

  • Transferência de Smith utilizando ECRB ou FDS do dedo anelar

Restauração da adução do dedo mínimo

  • Transferência da inserção ulnar do EDM para a polia A1 ou para o ligamento colateral radial do dedo mínimo

Complicações

  • Recorrência

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