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Osteoartrose da Anca

Bacia, anca e coza

O que é?

A osteoartrose da anca é uma doença degenerativa da articulação da anca que causa perda progressiva da cartilagem articular da cabeça femoral e do acetábulo.

O diagnóstico pode ser feito com radiografias simples da anca.

O tratamento inclui observação, AINEs e corticosteroides para pacientes com sintomas mínimos.

A artroplastia da anca está indicada para sintomas progressivos em casos de doença degenerativa grave.

Epidemiologia

Incidência
    • Osteoartrose da anca (sintomática)

      • 88 por 100.000 por ano

    • Osteoartrose do joelho (sintomática)

      • 240 por 100.000 por ano

Fatores de risco

Modificáveis

  • Trauma articular

  • Fraqueza muscular

  • Esforço físico intenso no trabalho

  • Atividades desportivas de alto impacto

Não modificáveis

  • Género

    • Mulheres > Homens

  • Idade avançada

  • Genética

  • Deformidades do desenvolvimento ou adquiridas

    • Displasia da anca

    • Epifisiólise femoral proximal

    • Doença de Legg-Calvé-Perthes

Etiologia

 

Fisiopatologia

Cartilagem articular

  • Aumento do conteúdo de água

  • Alterações nos proteoglicanos
    Redução eventual da quantidade de proteoglicanos

  • Anomalias do colagénio
    Perda da organização e orientação
    Ligação dos proteoglicanos ao ácido hialurónico

Sinóvia e cápsula

    • Fase inicial da osteoartrose
      Alterações inflamatórias ligeiras na sinóvia

    • Fase intermédia da osteoartrose
      Alterações inflamatórias moderadas na sinóvia
      A sinóvia torna-se hipervascular

    • Fases tardias da osteoartrose
      A sinóvia torna-se progressivamente espessa e vascularizada
      Osso
      – O osso subcondral tenta remodelar-se
      – Formação de lesões líticas com margens esclerosadas (diferente dos quistos ósseos na artrite reumatoide)
      – Formação de quistos ósseos nas fases mais avançadas

Classificação

Classificação de Tönnis
Grau Descrição
Grau 0 Radiografias normais
Grau 1 Esclerose da cabeça femoral e acetábulo
Ligeira redução do espaço articular
Discreta formação de osteófitos nas margens da articulação
Grau 2 Pequenos quistos na cabeça femoral/acetábulo
Redução moderada do espaço articular
Perda moderada da esfericidade da cabeça femoral
Grau 3 Quistos grandes na cabeça femoral/acetábulo
Obstrução completa ou estreitamento acentuado do espaço articular
Deformidade grave da cabeça femoral (diferencial com necrose avascular – NAV)

Grau 0

Grau 1

Grau 2

Grau 3

Apresentação

 

História
  • Identificar idade, nível de atividade funcional, padrão de envolvimento artrítico, estado geral de saúde e duração dos sintomas
Sintomas
  • Dor na anca limitante da função – Efeito nas distâncias percorridas a pé

  • Dor noturna ou em repouso

  • Rigidez da anca

  • Sintomas mecânicos – Instabilidade, bloqueio, sensação de ressalto

Exame físico

Inspeção

    • Hábito corporal

    • Marcha

    • Desigualdade no comprimento dos membros

    • Pele (ex: cicatrizes)

Amplitude de movimento

  • Ausência de extensão completa (>5° de contratura em flexão)

  • Flexão incompleta (flexão < 90–100°)

  • Rotação interna limitada

Exame neurovascular

  • Teste da perna esticada negativo

Imagiologia

 

Radiografias

Vistas recomendadas

  • Bacia AP em carga

  • Anca AP + lateral

Vistas opcionais

  • Vista de perfil falso (ex: displasia da anca)

Achados

Osteoartrose

  • Redução do espaço articular

  • Osteófitos

  • Esclerose subcondral

  • Quistos subcondrais

Oblíquidade pélvica

  • Pode ser secundária a deformidade da coluna

  • Pode causar discrepância do comprimento dos membros

Retroversão acetabular

  • Dificulta o posicionamento adequado do componente acetabular durante a cirurgia

Estudos

 

Histologia
    • Perda de condrócitos superficiais

    • Replicação e degradação da linha de demarcação (tidemark)

    • Fissuração

    • Destruição da cartilagem com eburnação do osso subcondral

Tratamento

Não operatório

AINEs e/ou tramadol

  • Indicações

    • Tratamento de primeira linha para todos os pacientes com artrite sintomática

  • Técnica

    • A escolha do AINE deve basear-se na preferência do médico, aceitabilidade pelo paciente e custo

Bengala

  • Diminui a força de reação articular no quadril afetado quando usada no membro superior contralateral

Perda de peso, modificação da atividade e programa de exercício/fisioterapia

  • Indicações

    • Tratamento de primeira linha para todos os pacientes com artrite sintomática

    • IMC > 25

  • Técnica

    • Exercícios voltados para o aumento da flexibilidade e capacidade aeróbica

Injeções intra-articulares de corticosteroides

  • Indicações

    • Podem ser terapêuticas e/ou diagnósticas da osteoartrite do quadril

    • Uso para alívio da dor a curto prazo fortemente apoiado pela diretriz da AAOS de 2013

Tratamentos controversos

  • Acupuntura

  • Injeções articulares viscoelásticas

  • Glucosamina e condroitina

Operatório

Desbridamento artroscópico

    • Indicações

      • Controverso

      • Lesões degenerativas do lábio acetabular

    • Contraindicações

      • Não recomendado para artrose radiográfica grau 2 de Tönnis

      • Alta taxa de conversão para artroplastia

Osteotomia periacetabular +/- osteotomia femoral

  • Indicações

    • Displasia sintomática em adolescente ou adulto jovem com quadril concêntrico reduzido e artrite leve a moderada

  • Resultados

    • Resultados mistos

    • A literatura sugere que pode atrasar a necessidade de artroplastia

Ressecção da cabeça femoral

  • Indicações

    • Lesões patológicas do quadril

    • Subluxação dolorosa da cabeça femoral

Recapeamento do quadril

  • Indicações

    • Pacientes jovens, ativos, do sexo masculino com osteoartrite do quadril

    • Preocupações crescentes com eventos adversos metal-metal, procedimento em declínio

Artroplastia total do quadril (ATQ)

  • Indicações
    • Artrite avançada, sintomática ou severa
    • Tratamento preferencial para pacientes mais velhos (>50 anos) e com alterações estruturais avançadas
    • Recomenda-se aguardar pelo menos 3 meses após injeção intra-articular ipsilateral para reduzir o risco de infecção da prótese

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