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Não União da Diáfise Umeral
Ombro e Braço
O que é?
A não união da diáfise umeral caracteriza-se pela interrupção do processo de reparação de uma fratura da diáfise do úmero, podendo ocorrer após tratamento não operatório ou cirúrgico.
O diagnóstico pode ser feito com radiografias simples. Estudos de tomografia computorizada (TC) são úteis para avaliar a extensão da calosidade de ponte e para o planeamento pré-operatório.
O tratamento é geralmente a redução aberta com fixação por compressão com placa, com ou sem enxerto ósseo.
Epidemiologia
Incidência da não união primária
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- 2 a 33% com tratamento não operatório
- 5 a 10% com tratamento cirúrgico
Localização anatómica
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- As fraturas do terço proximal da diáfise umeral apresentam maiores taxas de não união.
Fatores de Risco
Biológicos
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- Anomalias metabólicas/endócrinas (osteoporose e deficiência de vitamina D são as mais comuns)
- Infeição
- Fatores do paciente (tabagismo, obesidade, desnutrição, não adesão ao tratamento)
- Fratura exposta
Mecânicos
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- Padrões de fratura instáveis com estabilidade inadequada
- Rigidez do ombro ou cotovelo (movimento direcionado para o local da fratura)
Etiologia
Fisiopatologia
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- Estabilidade inadequada no local da fratura, tanto no tratamento cirúrgico como no não cirúrgico.
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Patobiologia
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- Biologia insuficiente devido a anomalias metabólicas/endócrinas, infeção ou área óssea reduzida para cicatrização.
Condições associadas
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- Paralisia do nervo radial
Anatomia
Irrigação sanguínea
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- O vaso nutriente do úmero percorre o aspecto medial do terço médio a distal da diáfise.
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Músculos
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- O peitoral maior e o deltoide criam forças deformantes fortes nas fraturas proximais da diáfise.
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Tendão
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- A interposição do tendão do bíceps em fraturas proximais da diáfise pode levar à não união.
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Apresentação
Sintomas
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- Dor ao usar o membro afetado.
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Exame Físico
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- Inspeção
- avaliar o ajuste da ortótese funcional e a presença de irritação cutânea.
- Atrofia
- Angulação
- Movimentação
- mobilidade grosseira no local da fratura.
- Neurovascular
- avaliar a função do nervo radial.
- Inspeção
Imagiologia
Radiografias
- Vistas recomendadas – AP e perfil do úmero, ombro e cotovelo.
Achados
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- Ausência de consolidação da fratura.

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- Pseudartrose.

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- Formação de calo hipertrófico.
TC
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- Indicações:avaliar a extensão da calosidade de ponte e planeamento pré-operatório.
Exames laboratoriais
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- CRP, ESR, hemograma(exclusão de infeção).
- Proteína total e albumina sérica.
- Vitamina D, TSH, PTH.
Tratamento
Não operatório
Ortótese funcional +/- estimulação óssea
Indicações:
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- casos raros de pacientes de baixo risco e assintomáticos.
Modalidades:
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- Uso contínuo de ortótese funcional.
- Estimuladores ósseos para não união > 9 meses ou ausência de cicatrização após 3 meses.
- Contraindicado se pseudartrose, lacuna >5mm ou má perfusão sanguínea.
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Operatório
Placa de compressão com enxerto ósseo(padrão ouro)
Indicações
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- não união sintomática.
Resultados
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- superior à haste intramedular.
Placa Dupla
Indicações:
- fraturas muito proximais ou distais, baixa qualidade do osso metafisário, micromovimento após fixação com uma placa.
Resultados:
- taxa de união de 92-100% em 16 semanas.

Enxerto ósseo cortical
Indicações:
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- osteopenia grave, perda óssea significativa, não união recalcitrante.
Resultados:
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- taxa de união de 95-100%.
Técnicas
Placa de compressão com ou sem enxerto ósseo
Abordagem
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- Anterior.
- Anterolateral.
- Posterior.
- Exploração do nervo radial e neurose ou libertação de compressão nervosa.
Tecidos Moles
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- Proteção do nervo radial e neurose.
Trabalho Ósseo
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- Desbridamento do tecido fibroso e das extremidades ósseas para estimular a cicatrização.
- Redução da fractura com o máximo contacto cortical e estabilidade.
- Enxerto ósseo autólogo de ICBG (grelha óssea iliíaca) em caso de pseudartrose atrófica.
- DBM, RIA ou autoinxerto de calo ósseo local como enxertos alternativos.
Instrumentação
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- Placa de compressão de 4,5 mm colocada na posição anterior, lateral ou posterior.
Complicações Específicas Deste Tratamento
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- Neuropraxia ou lesão do nervo radial.
- Morbidade do local doador de ICBG.
Resultados
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- taxa de união de quase 100% reportada
- taxa de morbidade do local doador de ICBG de 44%
Placa dupla
Instrumentação
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- Colocar uma placa adicional ortogonal à primeira.
Enxerto cortical de alógnato/autógnato
Trabalho ósseo
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- Colocar o enxerto intramedular e, em seguida, colocar a placa.

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- Colocar o enxerto medialmente e colocar a placa de compressão com base lateralmente.
Complicações
- Lesão do nervo radial.
- Persistência da não união.
- Tratamento:enxerto livre de fíbula para não uniões atróficas recalcitrantes.
Prognóstico
- Com tratamento cirúrgico, 83-100% dos pacientes alcançam a união óssea.