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Fraturas do Úmero Distal

Cotovelo e antebraco

O que é?

As fraturas do úmero distal são lesões traumáticas do cotovelo que incluem fraturas supracondilianas, fraturas de uma única coluna, fraturas bicolunares ou fraturas de cisalhamento coronal.

O diagnóstico é feito através de radiografias simples do úmero e do cotovelo. A tomografia computorizada (TC) é útil para avaliação intra-articular e planeamento cirúrgico.

O tratamento geralmente envolve redução aberta e fixação interna (ORIF).

Epidemiologia

  • Incidência:
    Representam 2% de todas as fraturas.
    Correspondem a 30% das fraturas do cotovelo.
    A incidência tem vindo a aumentar.
  • Demografia:
    Mais comum em homens jovens e mulheres idosas.
  • Localização anatômica:
    As fraturas intercondilianas distais são o padrão mais comum.

Etiologia -Fisiopatologia

  • Lesões traumáticas incluem:
    Fraturas supracondilianas.
    Fraturas de uma coluna (côndilo).
    Fraturas bicolunares.
    Fraturas de cisalhamento coronal.
  • Mecanismo:
    Quedas de baixa energia em idosos.
    Impactos de alta energia em populações mais jovens.
  • Patoanatomia:
    A posição do cotovelo influencia o tipo de fratura:
    Cotovelo fletido a menos de 90°:
    -Carga axial provoca fratura transcolunar.
    -Impacto direto posterior pode causar fratura do olecrânio com ou sem envolvimento do úmero distal.
    Cotovelo fletido a mais de 90°:
    -Pode levar a fraturas intercondilianas.

Etiologia-Condições associadas

  • Luxação do cotovelo.
  • Lesão da “terrível tríade”.
  • “Cotovelo flutuante”.
  • Contratura de Volkmann (resultado de síndrome compartimental do antebraço não tratado).

Anatomia

Osteologia:

  • O cotovelo é uma articulação em dobradiça.
  • Superfície articular:
    – 6° de valgo.
    – 5° de rotação externa.
    – 30° de flexão.
  • Tróclea:
    Articula-se com a incisura sigmoide, permitindo flexão e extensão.
  • Capitelo:
    Articula-se com o rádio proximal, permitindo rotação do antebraço.

Músculos:

  • Flexores comuns (origem no epicôndilo medial):
    Pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial dos dedos, flexor ulnar do carpo.
  • Extensores comuns (origem no epicôndilo lateral):
    Ancóneo, extensor radial longo do carpo, extensor radial curto do carpo, extensor comum dos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnar do carpo.

Ligamentos:

  • Colateral medial:
    Origina-se no epicôndilo medial distal e insere-se no tubérculo sublime.
    Principal restritor ao stress em valgo.
  • Colateral lateral:
    Origina-se no epicôndilo lateral distal e insere-se na crista supinadora.
    Estabiliza contra instabilidade rotacional posterolateral.

Nervos:

  • Nervo ulnar:
    Passa no túnel cubital, numa posição subcutânea posterior ao côndilo medial.
  • Nervo radial:
    Corre entre os músculos braquiorradial e braquial, proximal ao cotovelo, e divide-se em nervo interósseo posterior (PIN) e nervo radial superficial ao nível da cabeça radial.

Irrigação sanguínea:

  • Fornecimento intraósseo e extraósseo que pode ser comprometido pela lesão.

Classificação anatómica

Fraturas supracondilianas
Fraturas que ocorrem acima dos côndilos do úmero.

Fraturas de uma única coluna
Representam 5% das fraturas.
Subdivididas usando o sistema de classificação de Milch.
O côndilo lateral é mais comum do que o medial.

Fraturas bicolunares
Classificadas pelo sistema de classificação de Júpiter.
Foram identificados 5 fragmentos articulares principais:

    • Capitelo/trocleia lateral.
    • Epicôndilo lateral.
    • Epicôndilo posterolateral.
    • Trocleia posterior.
    • Trocleia medial/epicôndilo medial.

Fraturas bicolunares

Classificação AO/OTA

  • Tipo A: Fraturas extra-articulares (supracondilianas).
  • Tipo B: Fraturas intra-articulares de uma única coluna (côndilo isolado, cisalhamento coronal, epicôndilo com extensão articular).
  • Tipo C: Fraturas intra-articulares de ambas as colunas, sem qualquer porção da articulação contínua com a diáfise (articular completa).

Cada tipo é ainda subdividido de acordo com o grau e a localização da cominuição da fratura.

Classificação de Milch

  • Tipo I: Crista troclear lateral intacta.
  • Tipo II: Fratura através da crista troclear lateral.

Classificação de Júpiter

T Alto

Fratura transversal proximal ou ao nível da fossa olecraniana superior.

T Baixo

Fratura transversal logo proximal à tróclea (mais comum)

Y

Linha de fratura oblíqua de ambas as colunas, com linha vertical distal.

H:

A tróclea é um fragmento livre (risco de necrose avascular).

Lâmbda Medial

Linha proximal existe medialmente.

Lâmbda Lateral

Linha proximal existe lateralmente.

T Multiplano

Fratura adicional no plano coronal.

Apresentação

Sintomas

  • Dor e inchaço no cotovelo.

Exame físico

  • Verificação de feridas abertas:
    Prestar atenção especial à região posterior.
  • Instabilidade evidente:
    Frequentemente presente.
    Evitar a avaliação da amplitude de movimento (ROM) devido ao risco de lesão neurovascular.
  • Exame neurovascular:
    Avaliar a função dos nervos radial, ulnar e mediano.
    Verificar os pulsos distais.
    A artéria braquial pode estar lesionada.Se o pulso estiver diminuído, realizar estudos vasculares não invasivos e, se anormais, consultar um cirurgião vascular.
  • Síndrome compartimental do antebraço:
    Monitorizar cuidadosamente para sinais dessa condição.

 

Imagens

Radiografias

Vistas recomendadas

  • AP: Idealmente realizada com 40° de flexão.
  • Lateral.

Vistas adicionais

  • Radiografias do úmero e do antebraço.
  • Radiografias do punho: devem ser realizadas se houver lesão no cotovelo ou sensibilidade distal ao exame.
  • Radiografias oblíquas:Utilizadas para avaliar se existe continuidade entre o fragmento troclear e o fragmento epicondilar medial, o que pode influenciar a escolha do material de fixação.
  • Radiografia em tração: Pode auxiliar no planeamento cirúrgico.

Tomografia Computorizada (TC)

Indicações:

  • Frequentemente realizada para planeamento cirúrgico.
  • Especialmente útil quando se suspeita de fraturas de cisalhamento do capitelo e da tróclea.

Ressonância Magnética (RM)

Indicações:

  • Geralmente não indicada em lesões agudas.

Tratamento

Não operatório

  • Imobilização com tipoia e exercícios de movimento suave após 2-4 semanas.
  • Indicado para fraturas estáveis (Tipos I, III, IV de Neer) e pediátricas.

Operatório

  • Fixação interna aberta (ORIF) em casos de fraturas instáveis, lesão neurovascular ou fraturas abertas.

Técnicas Cirúrgicas

  • Uso de placas de fixação dinâmicas ou placas com ganchos.
  • Imobilização inicial com tipoia, seguida de fortalecimento aos 6-10 semanas.
  • Remoção do hardware geralmente após 3 meses.

Complicações

Tratamento não operatório

  • Não consolidação (~15%), artrite da articulação AC.

Tratamento operatório

  • Proeminência do hardware, infecção, falha mecânica, pneumotórax, ou capsulite adesiva.

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