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Fraturas da Diáfise do Úmero

Ombro e Braço

O que é?

As fraturas da diáfise do úmero são lesões frequentes desta região, podendo associar‑se a lesão do nervo radial.

O diagnóstico é realizado com radiografias ortogonais do úmero.

O tratamento pode ser não operatório ou operatório, consoante a localização e a morfologia da fratura, bem como a presença de outras lesões ipsilaterais.

Epidemiologia

 

Incidência
  • 3‑5 % de todas as fraturas

  • 20 % das fraturas do úmero envolvem a diáfise

  • 7 a 11,3 por 100 000 habitantes

Dados demográficos

Idade

  • 60 % ocorrem em doentes com mais de 50 anos

  • Distribuição etária bimodal

  • Jovens

    • Trauma de alta energia

    • Incidência máxima na terceira década de vida

  • Doentes idosos

    • Quedas de baixa energia

    • Doentes osteopénicos

Localização

  • 30 % ocorrem no terço proximal da diáfise do úmero

  • 60 % ocorrem no terço médio da diáfise do úmero

    • Localização mais comum

  • 10 % ocorrem no terço distal da diáfise do úmero

Sexo

  • 70 % ocorrem em homens com menos de 50 anos

  • 70 % ocorrem em mulheres com mais de 50 anos

Fatores de risco

  • Antecedente de fratura prévia

  • Tabagismo em homens

  • Idade avançada

  • Osteoporose

Etiologia

Fisiopatologia

Mecanismo de lesão

  • Queda ao nível do solo (60 %)

    • Mecanismo mais frequente

  • Acidente de viação (~30 %)

    • Segundo mecanismo mais frequente

  • Fraturas patológicas (4,3 %)

  • Fraturas expostas (3 %)

Fraturas da diáfise umeral do terço distal

  • Resultam de queda sobre cotovelo flectido

Fraturas da diáfise umeral do terço proximal

  • Frequente em indivíduos mais idosos

  • Muitas vezes resulta de queda sobre mão estendida, causando fratura por impactação no colo cirúrgico

Fraturas da diáfise umeral do terço médio

  • Fratura transversal

    • Resultado de golpe directo no braço

  • Fratura em espiral

    • Resulta de queda sobre mão estendida ou de força de torção

Fraturas da diáfise umeral do terço distal

  • Resultam de queda sobre cotovelo flectido

Condições Associadas

 

Ortopédicas

Cotovelo flutuante

  • Fratura da diáfise umeral e do rádio e ulna do terço proximal a médio

  • Ocorre frequentemente por trauma de alta energia

  • Mais frequente em doentes pediátricos do que em adultos

Luxação do ombro ipsilateral

  • Padrão de lesão pouco comum

  • A luxação é mais provavelmente posterior do que anterior

Anatomia

Osteologia
  • A diáfise umeral estende‑se do colo cirúrgico do úmero até à crista supracondilar e tem forma cilíndrica

  • Distalmente, o úmero torna‑se triangular com a formação das cristas supracondilares medial e lateral

  • O canal intramedular termina 2 a 3 cm proximalmente à fossa do olecrânio

  • O sulco radial é uma depressão na face póstero‑lateral do úmero onde passam o nervo radial e a artéria profunda do braço

Artrologia
  • Articula‑se proximalmente com a escápula e distalmente com o rádio e a ulna

Músculos

Inserção de:

  • Peitoral maior

  • Deltoide

    • Abduz o fragmento proximal em fraturas que ocorrem proximalmente à inserção do peitoral maior

  • Coracobraquial

Origem de:

  • Braquial

  • Tríceps

  • Braquiorradial

Nervos

Nervo radial

  • Abandona a axila posteriormente à artéria braquial

  • Entra no compartimento posterior do braço através do intervalo triangular

  • Corre entre as cabeças medial e longa do tríceps

  • Encontra‑se medial às cabeças longa e lateral e 2 cm proximalmente à cabeça profunda do tríceps

  • Segue ao longo do sulco espiral e torna‑se anterior ao úmero

  • Aproximadamente 7,5 cm da superfície articular

  • Sai do compartimento posterior através do septo intramuscular lateral 10 cm proximalmente à articulação radiocapitellar

  • 20 cm proximalmente ao epicôndilo medial

  • 14 cm proximalmente ao epicôndilo lateral

Nervo ulnar

  • Entra no compartimento posterior na arcada de Struthers e dirige‑se medialmente para o túnel cubital

  • Aproximadamente 8 cm do epicôndilo medial

Nervo axilar

  • Passa de posterior para anterior em torno do úmero proximal a 4‑7 cm da ponta do acrómio

Compartimentos
  • Compartimento anterior

    • Músculos

      • Bíceps braquial, braquial e coracobraquial

    • Vascularização

      • Artéria e veia braquiais

    • Nervos

      • Nervos musculocutâneo, mediano e ulna

  • Compartimento posterior
    • Músculos

      • Tríceps

    • Nervos

      • Nervo radial

Classificação

Descritiva
  • Localização da fratura: terço proximal, médio ou distal

  • Padrão da fratura: espiral, transversal, cominutiva

OTA

  • Número do osso: 1

  • Localização da fratura: 2

  • Padrão da fratura: simples (A), cunha (B), complexa (C)

Classificação de Garnavos

Localização

  • P: proximal

  • M: médio

  • D: distal

  • j: extensão para a articulação

Morfologia

  • S: simples

  • T: transversal ou oblíqua

  • S: espiral

  • I: intermédia

  • Um ou dois grandes fragmentos em asa de borboleta

  • C: complexa

  • Três ou mais fragmentos em asa de borboleta, ou cominuição significativa

Fratura de Holstein‑Lewis
  • Fratura espiral do terço distal da diáfise umeral, habitualmente associada a neuropraxia do nervo radial (incidência 7‑22 %)

  • Aumenta o risco de aprisionamento do nervo radial pela fratura

Apresentação

 

Sintomas
  • Dor
  • Fraqueza do membro
Exame físico
  • Edema
  • Dor à palpação sobre o foco de fratura
  • Tenda cutânea
  • Avaliação do alinhamento global do membro para deformidades
    • Apresenta‑se frequentemente com encurtamento e em varo
  • Exame neurovascular pré‑operatório ou pré‑redução é crítico
    • Avaliar e documentar o estado do nervo radial antes e após a redução
      • Extensão do punho e da articulação interfalângica do polegar
      • Sensibilidade no dorso da mão

Imagiologia

Radiografias

Incidências

  • AP e lateral
  • Certificar‑se de incluir a articulação acima e abaixo do local da lesão
  • Lateral transtorácica
  • Pode proporcionar melhor avaliação da deformidade no plano sagital
  • Rodar o doente evita a rotação do fragmento distal, prevenindo lesão nervosa ou de partes moles adicional

Incidências em tracção

  • Podem ser necessárias em fraturas com encurtamento significativo ou extensão proximal/distal, mas não são indicadas de rotina
TC
  • Pode ser utilizada se houver suspeita de extensão intra‑articular
Ângio‑TC
  • Pode ser indicada se houver suspeita de lesão vascular
EMG
  • Indicada em caso de parésia nervosa para avaliar a recuperação, mas não é indicada no período agudo pois não altera o tratamento da fratura

Tratamento

 

Não operatório
  • Imobilização (tala de coaptação ou gesso suspenso durante 7‑10 dias, seguido de ortótese funcional)

Indicações

  • Indicado na grande maioria das fraturas da diáfise umeral

  • Critérios para alinhamento aceitável incluem:

  • < 20° de angulação anterior

  • < 30° de angulação em varo/valgo

  • < 30° de desalinhamento rotacional

  • < 3 cm de encurtamento

Indicações relativas

  • Utente ambulatório na comunidade

  • Doentes não colaborantes

Ortopedia de controlo de danos (DCO)

  • Fraturas fechadas do úmero, incluindo ferimentos por arma de fogo de baixa velocidade, devem ser inicialmente tratadas com tala ou tipoia

  • O tipo de fixação após o trauma deve ser guiado pelos parâmetros de alinhamento aceitáveis, padrão da fratura e lesões associadas

Contraindicações

Absolutas

  • Lesão grave de partes moles ou perda óssea

  • Lesão vascular que necessite de reparação

  • Lesão do plexo braquial

Relativas

  • Ver secção de indicações operatórias relativas

  • Agravamento da disfunção nervosa

  • Parésia do nervo radial NÃO é contraindicação para ortótese funcional

Resultados

  • Taxa média de consolidação de 93,5 % (77‑100 %)

  • Risco aumentado nas fraturas do terço proximal (54 %) e nos padrões oblíquo ou espiral (23 %)

  • Tempo médio até consolidação de 10,7 semanas (6,5‑22 semanas)

  • Taxa média de mal‑união de 12 %

  • Amplitude de movimento

    • 38‑45 % dos doentes perdem rotação externa (5‑45 graus)

    • 88,6 % perdem menos de 10 graus de mobilidade do ombro

    • 92 % perdem menos de 10 graus de mobilidade do cotovelo

    • Angulação em varo é comum, mas raramente apresenta sequelas funcionais ou estéticas

Operatório

Fixação externa (ExFix)

Indicações

  • Fratura complexa ou cominutiva de alta energia

  • Fratura exposta

  • Defeito significativo de partes moles ou ósseo

  • Cotovelo flutuante

  • Politrauma hemodinamicamente instável

  • Lesão vascular concomitante

  • Normalmente usada como fixação provisória até tratamento definitivo, podendo ser definitiva se necessário

Resultados

  • Tempo operatório médio de 30 minutos (18‑50 minutos)

  • 80 % alcançam resultados bons a excelentes

  • Taxa de infeção superficial do trajeto do pino de 12 %

Redução aberta e fixação interna (ORIF)

  • Indicações

Absolutas

  • Fratura exposta

  • Lesão vascular que exija reparação

  • Lesão do plexo braquial

  • Fratura ipsilateral do antebraço (cotovelo flutuante)

  • Síndrome compartimental

  • Fraturas periprotésicas da diáfise umeral na ponta da haste

  • Incapacidade de manter redução satisfatória fechada

  • Défice nervoso progressivo após manipulação fechada

Relativas

  • Fratura bilateral do úmero

  • Politrauma ou fratura associada do membro inferior

  • Permite carga precoce através do úmero

  • Fraturas patológicas

    • Indicadas se a esperança de vida for > 6 meses

  • Queimaduras ou lesão de partes moles que impeçam ortótese

  • Características da fratura

    • Distração no foco de fratura

    • Fraturas segmentares

    • Padrão curto oblíquo ou transversal

    • Tipo OTA A

    • Extensão intra‑articular

    • Fratura longa oblíqua do terço proximal da diáfise

  • Hábito corporal volumoso, obesidade ou seios grandes

  • Parésia do nervo radial

Técnicas

  • Redução aberta tradicional com placa

  • Osteossíntese minimamente invasiva com placa

Pós‑operatório

  • Carga conforme tolerado é segura após fixação com placa

Resultados

  • Taxas significativamente mais baixas de não união e mal‑união face ao tratamento não operatório

  • Taxa média de mal‑união de 1 %

  • Taxa média de consolidação de 90‑92 %

  • Tempo médio até consolidação de 11,9 semanas

  • Melhoria dos scores DASH às 6 semanas e 3 meses, sem diferença significativa aos 12 meses face ao tratamento não operatório

  • Sem benefício do transporte nervoso durante ORIF

Enclavamento intramedular (IMN)

Indicações

  • Relativas

    • Fraturas patológicas

    • Fraturas segmentares

    • Osso osteoporótico grave

    • Compromisso cutâneo que limita abordagem aberta

    • Politrauma

Resultados

  • Risco de infeção de 1,2 % versus 5,4 % com ORIF

  • Sem aumento significativo de reoperações (média 11,6 %) versus ORIF (média 7,6 %)

  • Tempo mais rápido até consolidação (média 10 semanas) versus ORIF (média 11,9 semanas)

  • Tempo operatório médio de 61 minutos versus 88 minutos da ORIF

  • Taxa aumentada comparada com placa (16‑37 %)

  • Maior risco de impacto subacromial pós‑operatório

  • Scores funcionais do ombro (ASES) semelhantes aos da ORIF

Artroplastia total do cotovelo

  • Indicações

    • Fraturas cominutivas em doentes de baixa exigência > 65 anos

    • Especialmente em doentes com osteoporose ou artrite reumatoide

Técnicas

 

Tala de coaptação e ortótese funcional
  • Tala de coaptação ou gesso suspenso
  • Aplicar até que o edema resolva
  • A tala colocada de forma adequada deve estender‑se até à axila e sobre o ombro
  • Deformidades frequentes incluem varo e extensão
  • Molde em valgo para contrariar o deslocamento em varo
Ortótese funcional
  • Estende‑se de 2,5 cm distal à axila até 2,5 cm proximal aos côndilos umerais
  • Não utilizar tipoia para permitir a redução assistida pela gravidade
  • Extensão do ombro usada em fraturas mais proximais
  • Radiografias semanais nas primeiras 3 semanas para confirmar manutenção da redução
  • Depois, de 3‑4 em 3‑4 semanas
Fixação externa

Abordagens

Pinos proximais

  • Superfície anterolateral do úmero proximal

  • Mini‑abordagem com dissecção até ao osso para diminuir risco de lesão do nervo axilar

Pinos distais

  • Face lateral do fragmento distal

  • Requer mini‑abordagem com dissecção até ao osso para diminuir risco de lesão do nervo radial

  • O pino mais distal fica imediatamente proximal à fossa do olécrano

  • Visualizar a cortical antes de inserir os pinos

Redução aberta e fixação interna (ORIF)

Abordagens

  • Abordagem anterior (divisão do braquial) ao úmero
    • Utilizada para fraturas da diáfise do terço médio
    • Dissecção profunda através do plano internervoso do músculo braquial
    • Fibras laterais (n. radial) e medias (n. musculocutâneo) na maioria dos doentes (~80 %)
  • Abordagem anterolateral ao úmero
    • Indicada para fraturas do terço proximal a médio

    • Extensão distal da abordagem delto‑peitoral

    • Executada em decúbito supino ou “beach chair” com o braço abduzido 45‑60°

    • Nervo radial identificado entre braquial e braquiorradial distalmente

    • Protegido proximal e distalmente pelo braquial

    • O braquiorradial protege o nervo musculocutâneo distalmente

    • Veia cefálica e artérias circunflexas anteriores podem ser encontradas na abordagem

  • Abordagem posterior ao úmero
    • Pode ser realizada em decúbito ventral ou lateral

    • Para fraturas do terço médio a distal

    • Pode ser extensível do olecrânio até à junção do terço proximal‑médio

    • Tricípite pode ser dividido ou elevado com exposição paratricipital lateral

    • Divisão do tríceps

      • Incisão através do tendão comum do tríceps

      • Retração da cabeça lateral lateralmente e da cabeça longa medialmente

      • Exposição do nervo radial e da artéria profunda do braço no sulco espiral

      • Nervo cutâneo braquial lateral / cutâneo posterior do antebraço é ponto‑guia para o nervo radial

  • Benefícios

    • Evita dissecção e mobilização do nervo ulnar

    • Permite exposição adequada da fratura da diáfise

  • Limitações
    • Exposição de 55 % da diáfise sem mobilizar o nervo radial; 76 % com mobilização

    • Não utiliza verdadeiro plano internervoso

    • Extensão proximal limitada da incisão

  • Tríceps poupado (“paratricipital”)
    • Janelas lateral e medial sem lesar o mecanismo extensor

    • Nervo cutâneo braquial lateral / cutâneo posterior do antebraço é ponto‑guia para o nervo radial

    • Janela lateral: cabeça lateral do tríceps e septo intermuscular

    • Janela medial: mobilização do nervo ulnar e dissecção até ao septo intermuscular medial

    • Benefícios: minimiza lesão do tríceps, melhores resultados funcionais, menor risco de desnervação do tríceps e ancóneo, exposição de ~94 % da diáfise pela janela lateral

    • Limitação: exige mobilização do nervo ulnar para a janela medial

  • Abordagem lateral

    • Estende‑se da inserção do deltóide ao epicôndilo lateral

    • Expõe os dois terços distais do úmero

    • Intervalo entre septo intermuscular lateral e tríceps

    • Nervo radial identificado proximalmente à cabeça profunda do tríceps e libertado pelo septo lateral

    • Maior risco de lesão iatrogénica do nervo radial

  • Abordagem medial

    • Destina‑se sobretudo a artéria braquial, nervos mediano e ulnar; raramente usada para osteossíntese

    • Incisão do bordo medial proximal do bíceps até ao epicôndilo medial

    • Nervo ulnar retraído póstero‑medialmente; nervo mediano e artéria braquial antero‑lateralmente

  • Osteossíntese minimamente invasiva com placa

    • Incisões proximal e distal anterolaterais, criando túnel extraperiosteal

    • Placa tunelizada sob controlo fluoroscópico

    • Minimiza dissecção mas aumenta risco de lesão do nervo radial por falta de visualização direta

    • Técnicas

      • Osteossíntese com placa compressiva dinâmica (DCP) estreita ou larga 3,5 mm/4,5 mm ou placa DCP de contacto limitado

      • Placa compressiva dinâmica permite parafusos alternados; a estreita adapta‑se melhor a úmeros mais finos

      • As placas de contacto limitado são mais fáceis de contornar, reduzem stress shielding e preservam a vascularização periosteal

      • Respeitar relação placa‑nervo radial para evitar lesão inadvertida

      • Estabilidade absoluta com parafuso lag ou compressão em padrões simples

      • Usar modo ponte em fraturas com grande cominuição

      • Pode exigir inclusão dos côndilos ou dupla placa em fraturas distais

      • Defeitos ósseos até 3 cm podem ser encurtados; maiores requerem enxerto

  • Pós‑operatório

    • Carga total com canadianas não interfere na consolidação

Enclavamento intramedular (IMN)
  • Técnicas
    • Pode ser retrógrado ou anterógrado

Retrógrado

  • Realizado em decúbito ventral ou lateral com incisão posterior sobre a cortical supracondilar

  • Evitar fresar através do foco de fratura para prevenir lesão do nervo radial

Anterógrado

  • Doente em decúbito supino

  • Incisão de 3 cm sobre a margem anterolateral do acrómio, dividindo o deltóide até identificar o manguito rotador

  • Orifício de entrada através das fibras do supra‑espinhoso o mais medial possível ao ápice da cabeça umeral

Complicações

Pseudoartrose

  • Taxas de pseudoartrose semelhantes entre IMN e placa em meta‑análises recentes

  • IMN associado a maior taxa global de complicações

Dor no ombro

  • Taxa aumentada comparada com placa (16‑37 %)

  • Scores funcionais do ombro (ASES) sem diferença entre IMN e ORIF

Lesão nervosa

  • Nervo radial em risco com parafuso de bloqueio distal látero‑medial

  • Metanálise recente não mostrou diferença na incidência de parésia radial entre IMN e placa

  • Nervo musculocutâneo em risco com parafuso de bloqueio ântero‑posterior

  • Nervo axilar em risco com parafusos proximais em pregos anterógrados

  • Vasos circunflexos umerais anterior e posterior também em risco

Supra‑espinhoso em risco nos pregos anterógrados devido à natureza avascular do tendão próximo do tubérculo maior

  • Portal de entrada deve ser criado perto da junção músculo‑tendinosa

  • Portal não deve exceder 1 cm

Pós‑operatório

  • Carga total permitida sem impacto na consolidação

Complicações

 

Pseudoartrose

  • Ausência de calo ósseo na radiografia e mobilidade franca no foco de fratura às 6 semanas tem VPP de 90‑100 % para evolução para pseudoartrose em fraturas fechadas da diáfise umeral

  • Sensibilidade 82 % e especificidade 99 %

  • Escore radiográfico de consolidação do úmero (RUSHU)

    • 1 pontuação por cortical em radiografias obtidas 6 semanas após a lesão

    • 1: calo ausente

    • 2: calo presente, sem ponte

    • 3: calo presente, com ponte

    • Escore ≥ 8 – VPN 86 % para pseudoartrose

    • Escore < 8 – VPP 65 %

  • Fatores de risco

    • Fraturas da diáfise umeral tratadas não cirurgicamente, dependentes do padrão da fratura

    • Fraturas tipo OTA A (15,4‑29 %) > tipo B (4 %) > tipo C (0 %)

  • Não existe diferença significativa na taxa de pseudoartrose entre ORIF e enclavamento intramedular

Tratamento

  • Maior taxa de consolidação com fixação por placa e enxerto ósseo autólogo do que com troca de haste intramedular

  • Conduta depende do tipo de pseudoartrose (atrófica, hipertrófica, infetada)

  • Pseudoartrose atrófica

    • Desbridamento e curetagem de fragmentos inviáveis e cicatriz fibrosa

    • Revisão da haste intramedular com fresagem e troca por haste de maior diâmetro (≥ 1 mm)

    • Osteossíntese compressiva com enxerto ósseo

    • Enxerto de crista ilíaca ou autoenxerto femoral obtido por REA

    • Substitutos de enxerto ósseo

  • Pseudoartrose hipertrófica

    • Troca da haste intramedular por haste de maior calibre

    • Fixação com placa angular bloqueada

Consolidação viciosa

  • Angulação em varo é comum mas raramente provoca sequelas funcionais ou estéticas

  • Fatores de risco

    • Padrões de fratura transversal

Parésia do nervo radial

Fatores de risco

  • Localização da fratura

    • Terço distal (56,9 %) > terço médio (41,5 %) > terço proximal (1,5 %)

  • Tipo de fratura

    • Transversal (21,2 %) > espiral (19,8 %) > oblíqua (8,4 %) > cominutiva (6,8%)

  • Fratura exposta

Incidência

  • Incidência global 12,3 % (8‑15 %)
  • Aumenta para 22 % nas fraturas do terço distal
  • Neuropraxia predomina nas fraturas fechadas; neurotmese nas fraturas abertas
  • Parésia iatrogénica mais frequente após ORIF por via lateral (20 %) ou posterior (11 %)
  • Recuperação espontânea média em 7 semanas; recuperação completa em 6 meses

Tratamento

Observação

  • Primeira opção em fraturas fechadas

  • Recuperação espontânea em 77,2 %; 85‑90 % acontecem nos três primeiros meses

  • Realizar ENM/EMG ~2 meses para avaliação e seguimento

  • A extensão do punho em desvio radial costuma recuperar primeiro

  • Braquiorradial e extensor radial longo do carpo recuperam antes; extensor indicis e extensor longo do polegar por último

Exploração cirúrgica

  • Indicações

    • Fratura aberta com parésia radial (provável neurotmese)

    • Fratura fechada sem melhoria em 4‑6 meses

    • Fibrilações de denervação no EMG

  • Pode exigir desbridamento, remoção de fragmentos encarcerados, enxerto ou transferências nervosas

Resultados

  • Situação do nervo na exploração: em continuidade (62,7 %), lacerado (26,8 %), encarcerado (10,5 %)

  • Exploração precoce (≤ 3 semanas) – taxa de recuperação ~ 90 %

  • Exploração tardia (≥ 8 semanas) – taxa de recuperação ~ 68 %

Transferências tendinosas

  • Indicadas em parésia radial persistente (timing ainda em debate)

  • Extensão do punho: pronador redondo → ECRB

  • Extensão dos dedos: FCR/FCU → EDC

  • Extensão do polegar: palmar longo → EPL

  • Taxa global de recuperação 88,6 % (primária 88,2 %; iatrogénica/secundária 93,9 %)

  • Padrão previsível: braquiorradial e extensor radial longo do carpo recuperam primeiro; extensor longo do polegar e extensor indicis proprius por último

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